Conforme proposta do Presidente do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Ministro Gilmar Mendes, os participantes do 3º Encontro Nacional do Judiciário definiram na última sexta-feira (26) que 2010 será o ano da Justiça criminal.
Essa, portanto, será uma das ações estratégicas do Judiciário para este ano. O Presidente do Conselho conclamou a todos para auxiliarem na política da meta zero de presos em delegacias, informando que o CNJ já está articulando, em parceria com o Ministério da Justiça e os governos estaduais, o esvaziamento das prisões em delegacias. "A meta é uma espécie de mutirão institucional com a criação de uma política governamental”, disse Gilmar Mendes.
Atualmente o país possui 56.514 presos mantidos em delegacias. Os estados onde há mais detentos nessas condições são o Paraná, com 15.274; Minas Gerais (11.326); São Paulo (9.400) e Bahia (6.069). "Hoje o Brasil tem quase 60 mil presos em delegacias e quando falamos nisso estamos falando de condições extremamente precárias muito piores do que aquelas que temos nos presídios", argumentou o Ministro.
Estatísticas
O juiz auxiliar da Presidência do CNJ e coordenador do Departamento de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Penitenciário, Erivaldo Ribeiro dos Santos, apresentou dados estatísticos sobre a situação carcerária no país e falou sobre a importância de zerar as prisões em delegacias. "Preso em delegacia é sinônimo de superlotação, tortura, fuga, resgate de presos e repercute diretamente na segurança pública", avaliou.
Durante sua exposição, o magistrado revelou que o país possui 473.626 presos, sendo 264.500 condenados e 209.126 provisórios. O estado com maior concentração de presos é São Paulo, com 163.915, seguido de Minas Gerais, 46.447, e Paraná, com 37.440. Já o estado com a maior taxa de encarceramento é o Acre, com 496 presos para cada 100 mil habitantes, seguido de Rondônia (465) e Mato Grosso do Sul (459). Confira aqui o relatório de dados estatísticos.
Confira o relatório completo de dados estatísticos sobre o sistema carcerário.
Plano de gestão criminal
Durante o encontro, o Conselheiro Walter Nunes do CNJ também falou sobre a atuação do órgão na aprovação de políticas públicas para a Justiça criminal. O conselheiro apresentou o Plano de Gestão para Funcionamento de Varas Criminais e de Execução Penal que reúne uma série de medidas que visam à modernização da execução criminal. O plano é dividido em ações para varas criminais, varas de execução penal, estrutura mínima para o funcionamento das varas criminais, junção das experiências utilizadas pelo Judiciário na área de tecnologia da informação e sugestões de alterações legislativas. O plano foi submetido à consulta pública e recebeu sugestões de entidades de classe e juristas da área criminal.
O Presidente do Tribunal de Justiça do Acre, Desembargador Pedro Ranzi, um dos participantes do encontro, aprovou integralmente a proposta, que fará parte do conjunto de ações estratégicas do TJAC para este ano.
(Com informações da Agência CNJ de Notícias)
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