Projeto Rios do Saber: Justiça Comunitária promove ações de incentivo à educação e preservação do meio ambiente na comunidade Remanso

Estudar em meio à floresta requer muito sacrifício. Enquanto os alunos da cidade começam os preparativos para irem à escola às 6 da manhã, os estudantes ribeirinhos da comunidade Remanso, localizada às margens do Rio Acre, a 55 quilômetros da zona urbana do município de Capixaba, já estão navegando sob o Rio Acre por meio de barcos, muitos enfrentando duas horas de viagem, o frio da madrugada, chuva ou sol para terem acesso às aulas.

As diferenças não param por aí. O ensino na zona rural é pelo método multisseriado, ou seja, onde estudam, na mesma sala, alunos de diversas séries. Há também grande dificuldade em conseguir materiais didáticos, sobretudo literários, que é a ferramenta fundamental de incentivo à leitura.

Como se não bastassem essas diferenças, o estudo para muitos pode ser interrompido no ensino fundamental, como já vem acontecendo há décadas, devido à falta de oportunidade para seguirem a trajetória estudantil na cidade. No entanto, mesmo que a vida estudantil naquela região se configure um nado contra as correntezas do rio, disposição para querer aprender e alcançar um lugar ao sol não falta para dezenas daqueles ribeirinhos.

"Temos muitos problemas aqui, mas a gente gosta muito de estudar e não faltamos à escola por nada. Acordamos bem cedo para esperar o barco passar. Hoje foi o dia que mais gostei, nunca vou esquecer", disse a estudante Thainá Lima, de 12 anos.

 Foi pela determinação e pelo olhar de esperança das crianças ribeirinhas que o Programa Justiça Comunitária, desenvolvido pelo Poder Judiciário do Acre, realizou no dia 27 de agosto, na comunidade Remanso, o Projeto Rios do Saber. A iniciativa teve como objetivo a promoção de ações voltadas à educação, justiça, saúde, meio ambiente, esporte e cultura. Com isso, a finalidade é a prevenção das vulnerabilidades sociais e ambientais das comunidades que vivem às margens dos rios, com foco especial nos estudantes.

Mais de 200 pessoas participaram das atividades. Além da entrega dos materiais arrecadados, tais como livros literários e didáticos, materiais escolares, bolas de futebol e vôlei, o Projeto destacou-se na promoção de torneios esportivos, apresentações de atividades culturais, mostras de trabalhos estudantis, corte de cabelo, atendimento médico, campanha de vacinação, prevenção de endemias, saúde bucal, bate-papo sobre o meio ambiente, orientação jurídica, palestras sobre corrupção eleitoral, ministrada pela Juíza de Direito, Mirla Cutrim; violência doméstica e drogas.

"Foi gratificante conhecer mais um pouco a difícil realidade das famílias da zona rural. Acredito que a partir dessa experiência, o Programa Justiça Comunitária terá condições de viabilizar novos atendimentos, específicos às comunidades rurais com suas necessidades particulares, não só para as crianças, mas para os pais e trabalhadores rurais, que não têm conhecimento dos seus direitos civis e sociais, bem como de seus deveres como pais e cidadãos", observou Mirla Cutrim.

Pensando no equilíbrio do Planeta Terra, o dia foi encerrado com a distribuição e plantio de mudas, e com o recital de poesias produzidas no Cantinho Rios do Saber, de incentivo à leitura e à preservação da natureza.

O Projeto contou com a parceria da Prefeitura e Câmara de Capixaba, secretarias municipais em Educação, Saúde e Desenvolvimento Social, Departamento Municipal de Cultura, Secretaria Estadual de Esportes, Sesacre, Sinteac, Boi Ouro Agropecuária, Web Informática, Jornal Capixaba, Gazin, Thel Cabeleireiro, Salão Destak, Livrarias Betel e Paim, Viveiro Santa Fé, Escola Mundo Encantado, Projeto Resgatando Vidas, Sindicato do Trabalhador Rural, Bazar Vidal, Panificadora Rodrigues, Panificadora Stillu’s, Papelaria Grafitt, Papelaria Universitário, Hotel e Restaurante Pacífico, Restaurante Sabor da Casa, Restaurante São José, Tacacá da Joélia, Lanche Altas Horas, Auto Escola Piloto, Hoje Cosmetics, Plenus Informática, Mercearia Pacheco, Morena Flor, Auto Posto Vitória, Farmácia Mercúrio, DEAS, professores e apoio da comunidade.

Justiça Comunitária

O Programa Justiça Comunitária é desenvolvido há oito anos pelo Tribunal de Justiça do Acre. É coordenado pela Desembargadora Eva Evangelista e executado pela Juíza de Direito Mirla Regina Cutrim, titular do 3º Juizado Especial Cível.

Em Rio Branco, o Programa é desenvolvido em 35 bairros carentes, divididos em 6 regionais. No ano de 2009, pela primeira vez, o mesmo trabalho realizado com sucesso na Capital começou a ser colocado em prática em outros dois municípios do Estado – Capixaba e Epitaciolândia -, onde também se espera atingir bons resultados na solução rápida e amistosa de pequenos conflitos, por meio da mediação e conciliação.

Para mais informações, os interessados devem ligar para a Secretaria do Programa Justiça Comunitária, que atende no número (68) 3226-3281.

(Texto e fotos de Eliz Tessinari, do Núcleo do Programa Justiça Comunitária de Capixaba)
 

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Assessoria | Comunicação TJAC

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