Vara da Violência Doméstica de Rio Branco desenvolve terapia em grupo para ressocializar agressores

A equipe de assistentes sociais e psicólogos da Vara da Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher de Rio Branco iniciou recentemente um trabalho de terapia em grupo visando ressocializar pessoas que cumpriram alguma pena por causa de agressões contra seus parceiros.

O grupo multidisciplinar, cujas atividades têm o aval da Juíza Titular da Vara, Olívia Ribeiro, realizou uma oficina piloto do projeto previsto pela Lei Maria de Penha e o resultado obtido foi "surpreendente", conforme avaliou a assistente social Luiza Leite Barros, integrante do grupo.

A oficina consistiu numa reunião com pessoas recém-penalizadas por agressão física, verbal ou psicológica a parceiros. Ao invés de apenas ouvir, os participantes interagem com os profissionais até que se alcance o ápice da reflexão desejada. Segundo Viviane Aníbal, uma das psicólogas da equipe, atinge-se o ponto alto da atividade quando eles admitem se tratar de crime qualquer tipo de agressão doméstica e demonstram total sensibilidade aos danos causados aos filhos e a família.  

O encontro entre psicólogos, assistentes sociais e pós-penalizados pela Justiça acontece de modo descontraído, com local acolhedor e música ambiente. Tudo é preparado de modo a deixar bastante à vontade os "pacientes", explicam as coordenadoras. Além de uma mesa, cadeiras e televisão, almofadas são colocadas estrategicamente na sala para facilitar a prática de alguns exercícios relaxantes antes das reflexões mais apuradas, à base de conversa sobre o constrangimento de ter se envolvido com a polícia e com a Justiça.

A equipe é formada por oito profissionais, sendo quatro assistentes sociais e quatro psicólogos. Durante a reunião o grupo se divide para atender os pós-apenados, mulheres e crianças. Esses dois últimos grupos ficam em lugares distintos, todos de alguma forma assistidos.

Para os profissionais que atuam no projeto, o resultado da primeira reunião superou as expectativas. "Os participantes interagiram surpreendentemente e até se colocaram à disposição para futuros encontros e até outros tipos de atividades", disse a psicóloga Viviane.

Ao dar oportunidade para os pós-apenados falarem, as assistentes e psicólogas ouviram deles elogios pela iniciativa. "A maioria diz que faltava um trabalho dessa natureza", declara Luiza Leite.

A próxima oficina deverá ocorrer ainda com mais desenvoltura. As profissionais envolvidas disseram que vão aproveitar aquilo que foi obtido positivamente na primeira. Os próprios participantes do encontro de terapia deram sugestões, inclusive sobre atividades. "Nós absolvemos, claro", diz a psicóloga Viviane. 

Vara da Violência Doméstica tem movimentação intensa

A Vara da Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher, que funciona no Segundo Distrito de Rio Branco, tem movimentação intensa. As próprias estatísticas da unidade revelam isso. Tramitam atualmente na Vara mais de 3,2 mil processos, dos quais mais de 2,8 mil encontram-se ativos.

Primeiro ano de atividade 
VARA DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER
Índices de violência doméstica na Capital

  • Processos Cadastrados: 3.288
  • Processos ativos: 2.827
  • Processos arquivados: 461
  • Medidas protetivas apreciadas: 2.054
  • Quem mais agride: 55% ex-esposo/ex-companheiro, 45% outros (irmãos, filhos, pais, padrastos etc.)

Causas:

  • 60% não aceitação da separação do casal
  • 20% ciúmes
  • 10% transtorno mental
  • 10% outras desavenças familiares

Média de idade das vítimas:

  • 75% entre 20 e 40 anos
  • 15% de 20 anos abaixo
  • 10% acima dos 40 anos

 

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Assessoria | Comunicação TJAC

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