Morre Agnaldo Moreno, um dos líderes do Movimento Autonomista Acreano

O Acre perdeu na madrugada desta quarta-feira, em São Paulo, um dos seus filhos mais ilustres: Agnaldo Moreno, um senamdureirense nascido em 1926, no seringal Guanabara, numa família de oito irmãos e que teve participação fundamental no Movimento Autonomista, que resultou na transformação do Acre em Estado da República Federativa do Brasil. Seu Agnaldo, como era carinhosamente conhecido pelos amigos, morreu de complicação pulmonar, aos 79 anos. Sua morte foi lamentada, ontem, por toda a sociedade acreana. Em nota oficial, o governador Jorge Viana assim expressou o sentimento de perda do Estado pela morte de um dos seus mais ilustres filhos: “(Agnaldo Moreno), foi ativista político do antigo PSD, ao lado de Guiomard Santos e outros que lutaram para que o Acre conquistasse sua autonomia administrativa. Exerceu mandatos eletivos de vereador e deputado estadual e foi secretário de agricultura no governo Jorge Kalume. Recentemente, tinha cadeira cativa no senadinho em frente ao Palácio das Secretarias, onde partilhava com as novas gerações de acreanos seu vasto conhecimento histórico e cultural do nosso Estado”. O corregedor geral da Justiça do Tribunal de Justiça do Acre, desembargador Arquilau Melo, amigo pessoal do senhor Agnaldo Moreno, também lamentou sua morte e lembrou ter sido ele um dos grandes amigos e entusiastas da justiça acreana, especialmente de projetos como o Projeto Cidadão e a recuperação da memória jurídica do Estado e da restauração do Palácio da Justiça. “O Acre perde um dos seus filhos mais ilustres, um profundo conhecedor da nossa história, um homem realmente notável, que durante sua vida teve como prioridade sempre a manutenção da verdadeira história acreana e seu resgate para a posteridade”, disse o corregedor. Agnaldo Moreno chegou a Rio Branco, no governo Guiomard Santos, após uma curta vivência como capataz de serviços de um projeto do governo na Estação Experimental. Logo tornou-se um técnico de Departamento de Produção, e teve participação ativa nas modificações ocorridas em Rio Branco, na gestão de Guiomard Santos, no que se referia às questões econômicas, especialmente no campo do setor agrícola. De acordo com a professora Maria José Bezerra, em artigo publicado em 2005, “as recordações do sr. Agnaldo Moreno acerca de Rio Branco nos anos 40 são fundamentais para reconstituímos a invenção da cidade, na medida que este foi partícipe do Guiomard Santos no processo de implementação do seu projeto de colonização para a Capital acreana. Outro aspecto que o torna um leitor “qualificado” da cidade era a sua militância política nas fileiras do PSD, tendo, inclusive, após a elevação do Acre a Estado, exercido as funções públicas de vereador, deputado estadual e secretário de Agricultura”. Além de ex-deputado estadual e autonomista, Moreno pertencia ao grupo dos “Notáveis”, criado pelo governo do Estado no Centenário da Revolução Acreana. O grupo teve como principal atribuição orientar todas as comemorações alusivas aos 100 anos da Revolução do Acre. Engajado na valorização do Acre, patriota, inteligente e conhecedor como poucos da história, seja oficial, seja social ou de bastidores, seu Agnaldo Moreno era uma das fontes mais requisitadas por pesquisadores, historiadores e estudantes quando o assunto era história do Acre. Em uma de suas últimas entrevistas, no final do ano passado, nas comemorações do aniversário de Rio Branco, Agnaldo Moreno contou que foi administrador do Seringal Empresa no período de 1951 a 1970 e lembrou que a estrutura da cidade seria diferente se o crescimento tivesse acontecido de acordo com as sugestões de Plácido de Castro. “Ele queria que a cidade prosseguisse do terreno abaixo do Riozinho do Rola em direção à área onde está situado o aeroporto da capital”, afirmou. Na entrevista, Moreno informa que Plácido era engenheiro civil e verificou na época que a forma como o povoado vinha crescendo era inviável, por estar sujeito a inundações. “Ele estava certo, vivemos na parte baixa da região e verificamos o sofrimento das pessoas que periodicamente sofrem com os alagamentos”, disse, um mês antes de Rio Branco sofrer uma das priores inundações de sua história. O historiador Marcus Vinicius Viana, presidente da Fundação Garibaldi Brasil, ao se referir a Agnaldo Moreno, afirma ser ele “um dos principais pilares da memória acreana”. “É daquele tipo de contadores de história que fez a fama da memória oral como uma das principais fontes da construção histórica. Na verdade, podemos situá-lo como legítimo herdeiro de um tempo em que as histórias e estórias desse lugar eram contadas muito mais pelas conversas à sombra das mangueiras da 17 de novembro, do que pelos livros de História”, disse. Agnaldo Moreno faleceu aos 79 anos, deixando viúva a senhora Renilda Moreno e os filhos Renaldo Moreno e Regina Moreno Jarude. Seu corpo será velado no saguão da Assembléia Legislativa e será sepultado amanhã a tarde.

Assessoria | Comunicação TJAC

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