Justiça Acreana realiza trabalho de conscientização para transformar a realidade da violência doméstica

Equipe multidisciplinar da Vara de Proteção à Mulher da Comarca de Rio Branco já realizou 595 atendimentos.

“Quais foram às tarefas ensinadas para vocês mulheres?”, perguntou a Cleudina Ribeiro, psicóloga da equipe multidisciplinar da Vara de Proteção à Mulher da Comarca de Rio Branco. “As domésticas. Me diziam que eu tinha que aprender a fazer e arrumar tudo, se não eu ficaria sem marido”, comentou uma das participantes da roda de conversa sobre a Lei Maria da Penha, ocorrida na quinta-feira (24), no Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) da Sobral.

A atividade, que compõe a programação da 8ª Semana “Justiça pela Paz em Casa”, teve objetivo conscientizar, informar sobre os direitos das mulheres a fim de proporcionar a transformação da triste realidade de violência doméstica, que atinge milhões de lares no mundo. Além de municiar os presentes com informações para que eles possam propagar e colaborar com a desconstrução do machismo e não reproduzirem a cultura patriarcal.

“Viemos divulgar essas informações e pedir para vocês divulgarem, porque só assim com conhecimento sobre nossos direitos que vamos poder mudar esse cenário de violência”, falou a Luana Albuquerque, assistente social, que junto com a psicóloga Cleudina estavam conduzindo a roda de conversa.

Tamaria Ferreira da Silva, que trabalha como vendedora, mesmo com todos seus compromissos compareceu a sede do CRAS para participar da roda de conversa. “Essa reunião foi muito boa, foi muito bom termos vindo, pois nós que somos donas de casa, temos filhos, maridos, nós aprendemos e podemos repassar essas informações”, declarou a vendedora.

Atendimentos em 2017

Ao longo deste ano até este mês de agosto, a equipe multidisciplinar da Vara de Proteção à Mulher da Comarca de Rio Branco já realizou 595 atendimentos por meio de palestras, roda de conversas tanto em outras instituições, como os CRAS, igrejas e escolas, como na própria unidade judiciária. Desse total, foram atendidos 264 homens, 146 mulheres e 185 casos de renúncias. Todas são ações realizadas com foco em conscientizar, empoderar para possibilitar a transformação social.

Maria Cosma Gabriel, coordenadora do CRAS/Sobral, reconheceu a importância desse trabalho. “Essa questão da proteção à mulher para nosso trabalho aqui é muito importante, pois trabalhamos com o empoderamento. Essa temática mostra o que tem acontecido com as mulheres do Acre. Por isso, eu acredito que só vamos superar isso, se houver de fato a informação, a partir da informação nós podemos nos proteger, porque vou saber meus direitos e poder me empoderar para agir”, disse Maria Cosma.

Necessidade de Denunciar

“Eu tenho uma tia que se separou recentemente. Mas, o marido fica culpando ela, usa o filho deles e quer que ela conviva na mesma casa com a amante dele, disse que não vai dar nada para ela, se ela sair de casa. O que fazer nessa situação?”, perguntou uma das participantes da roda de conversa.

A resposta dada deixou clara a necessidade de a vítima, primeiro, procurar ajuda e denunciar, só assim os Órgãos responsáveis poderão atuar, intervir. Tanto em casos de violência física, psicológica, material ou casos de descumprimento das Medidas Protetivas é crucial que a vítima procure à Justiça, a delegacia e denuncie, afinal “a Justiça só poderá tomar uma providência, se a vítima denunciar”, esclareceu Cleudina.

Não cultivar violência

Além de falarem sobre as formas de violência, distribuírem os folders, com o contato de todas as instituições que compõem a Rede de Proteção à Mulher, as servidoras do Poder Judiciário Acreano apresentaram um panorama apontando as origens culturais do problema da violência doméstica, mostrando que umas formas de combater a violência é na educação dos filhos promovendo a igualdade e não estimulando os preconceitos.

“O que as crianças veem elas reproduzem. Se viram violência vão achar isso normal e certo, tanto reproduzir como aceitar agressões. O menino cresce e vai bater na esposa e a filha vai aceitar apanhar. Temos que pensar o que estamos ensinando para nossos filhos. Não há problema em ensinar a menina e o menino a fazerem as tarefas domésticas”, concluiu Luana Albuquerque.

Assessoria | Comunicação TJAC

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